Você pode estar se perguntando o que a saúde mental tem a ver com a inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho, ou por quê nós, da Arquitetando Inclusão, estamos levantando essa pauta?
Pois bem, entendemos que a saúde mental é responsabilidade de todos(as) nós, indivíduos e setores públicos e privados. Nos apropriarmos do último relatório mundial de saúde mental, divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), e gostaríamos de compartilhar algumas reflexões.
Será um prazer imenso tê-lo(a) conosco! 😊
Antes de mais nada, deixa eu contar um pouco sobre esse material...
O relatório traz uma visão mundial da saúde mental de forma profunda e detalhada (em números e com depoimentos reais), fato que o deixa ainda mais interessante e dinâmico. A partir dos estudos observados, a OMS além de apresentar um diagnóstico propõe planos para sustentar a transformação da saúde mental nas diferentes esferas da sociedade ao redor do mundo.
O primeiro ponto que salta aos olhos é o baixo investimento financeiro dos Governos na área da saúde mental. Menos de 2% do orçamento voltado para saúde está alocado em prevenção ou tratamento de transtornos mentais.
Sendo que, segundo matéria do site do Ministério da Saúde “em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade”.
Conforme o relatório, a origem do transtorno mental é atribuída a diferentes fatores. Fatores psicológicos e biológicos individuais (fatores genéticos, habilidades sociais e emocionais, saúde física, atividade física), família e comunidade (relação parental, convívio social na comunidade, na escola e no trabalho), fatores estruturais (segurança econômica, infraestrutura, igualdade, meio ambiente).
Por isso, é tão importante olharmos com atenção às diferentes camadas que compõem nossa vida.
Outro ponto de extrema atenção e que precisamos olhar com urgência é que a pessoa que está sofrendo com algum transtorno mental acaba “escolhendo o sofrimento mental sem alívio, em vez de arriscar a discriminação e ostracismo que vem com o acesso aos serviços de saúde mental”. O relatório aponta que existem “vários fatores que impedem as pessoas de procurarem ajuda para condições de saúde mental, incluindo a má qualidade dos serviços, baixos níveis de alfabetização em saúde, estigma e discriminação. Em muitos locais, não existem serviços formais de saúde mental”.
Visto esse diagnóstico, o tema da campanha desse ano (2022) é: Saúde mental e o bem-estar - Uma prioridade global.
Para finalizar, a OMS destaca a importância de atuarmos em duas frentes ao mesmo tempo: na prevenção e no suporte a pessoas com transtornos mentais.
E como posso ajudar?
O nosso local de trabalho é onde passamos a maior parte do tempo. Dentro disso, claramente ele pode ser um fator de qualidade ou prejuízo a nossa saúde mental.
Um ambiente seguro, do ponto de vista físico e emocional, certamente atua potencializando os fatores que beneficiam a saúde das pessoas e o inverso é verdadeiro.
Entende-se como responsabilidade da empresa a avaliação e mitigação de fatores que podem prejudicar a saúde mental de seus(as) funcionários(as) ou, por outro lado, adotar políticas mais flexíveis que podem contribuir para o bem-estar de todos(as), tais como:
Ligadas a aspectos universais: regimes de trabalho flexíveis, home office, participação na definição do escopo de trabalho, pausas regulares, fornecimento de feedback, política de reconhecimento (bônus).
Outro aspecto importante apontado é o olhar para as emergências das demandas dos(as) colaboradores(as). Entender e comunicar de forma objetiva a estratégica e alinhar o que é esperado do(a) funcionário(a), tendem a reduzir o sofrimento emocional relacionado ao trabalho.
Ainda, considera-se aspectos ligados a colaboradores(as) que possuem transtornos ou
deficiência mental seguindo os princípios internacionais de Direitos Humanos.
Além de estar atento(a) às políticas de trabalho da sua empresa, o relatório destaca o papel da liderança como fundamental nesse processo. Por isso, sugere o treinamento das lideranças em saúde mental, para que possam atuar como agentes - seja identificando e suportando o(a) colaborador(a) que necessita de suporte, ou identificando e destacando políticas que podem ser gatilhos/fatores desencadeantes.
Outra frente de atuação é a capacitação dos(as) colaboradores(as) em geral em saúde
mental, a fim de conscientizar e esclarecer conceitos sobre o tema. Além disso, é
superimportante que o indivíduo entenda a sua responsabilidade com suas escolhas.
Como aspectos que podem ajudar na prevenção e/ou no tratamento de transtornos mentais o estudo cita: meditação e mindfulness que geram uma atitude mental positiva.
Já no aspecto físico: treino de resistência, força, aeróbicos, caminhadas e yoga.
Como dito no início do texto, a saúde mental passa pela esfera individual, social e estrutural. Cabe a todos(as) nós estarmos atentos(as) à oportunidades para reduzirmos riscos e aumentarmos aspectos benéficos. Não é uma jornada fácil, mas juntos(as) podemos ir mais longe.
Por fim, a OMS aprofundou um estudo, bem como um plano de atuação para casos de saúde mental especificamente dedicado às empresas (WHO guidelines on mental health at work).
Entretanto, o material foi disponibilizado somente em inglês. Caso alguém encontre uma versão em português, por favor sinalize nos comentários.
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